quarta-feira, 25 de março de 2015

Partilhas de Leituras

Crítica ao livro "À procura de Alaska"



Comecei a ler este livro de John Green, por influencia das redes sociais, mais especificamente do Tumblr mas no fim acabei por adorar e queres ler tudo de novo. Apesar do John Green ser conhecido por os seus livros mais direcionados para o grupo mais jovem, eles acabam por focar-se bastante na realidade de hoje em dia e nos problemas reais.

A mais valia de ler um livro deste tipo é pudermos no fim identificar-nos sempre com algumas das personagens tanto com as principais como as secundárias porque o autor tentou criar uma abundancia de personalidades que apesar de diferentes e distintas conseguem completar-se formando um grupo de amigos fabuloso como o que foi criado neste livro. Das personagens todas, a que eu mais gostei sem sombra de dúvida foi o Miles Halter, o típico rapaz ‘’geek’’ que muda de escola e que ninguém quer ter como amigo mas no fim apercebe-se que este tipo de pessoas na realidade são as melhores que podemos guardar na nossa vida e na nossa memória.
 
Recomendo, sem pestanejar sequer, este livro a qualquer pessoa tanto faz se é adulto, da minha idade, mais idoso, um pai, um primo, porque este livro apresenta uma perspetiva realística mas sem exageros sobre o que realmente se passa entre os adolescentes hoje em dia e o que realmente importa ser e ter enquanto seres humanos. É um livro tocante que nos faz querer ler tudo de novo só para pudermos passar pela experiencia de voltar a sentir o que as personagens sentem, o que eles passam, o que eles dizem… Já para não falar do final que me deixou totalmente sem palavras e sem ar.

Na minha opinião, a fama do John Green é totalmente merecida. Ele leva-nos a ler vezes e vezes sem conta os seus livros porque é uma leitura fácil mas que por trás esconde as imensas realidades vividas hoje em dia. Este é sem dúvida um dos meus livros favoritos e obviamente, quero acompanhar todos os lançamentos deste grande autor.

Inês Simões, 11ºH, nº13

terça-feira, 24 de março de 2015

Herberto Hélder

Herberto Hélder (1930 - 2015)

Poemacto II
Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.
É sempre outra coisa,
uma só coisa coberta de nomes.
E a morte passa de boca em boca com a leve saliva,
com o terror que há sempre
no fundo informulado de uma vida.

Sei que os campos imaginam as suas próprias rosas.
As pessoas imaginam os seus próprios campos de rosas.
E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente eu pudesse acordar.

Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes sangra e canta.
Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras batem contra o grande dia masculino do pensamento.

Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.
Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.

– Era uma casa – como direi? – absoluta.
Eu jogo, eu juro.
Era uma casinfância.
Sei como era uma casa louca.
Eu metia as mãos na água: adormecia,
relembrava.
Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade.

Apalpo agora o girar das brutais,
líricas rodas da vida.
Há no esquecimento, ou na lembrança total das coisas,
uma rosa como uma alta cabeça,
um peixe como um movimento rápido e severo.
Uma rosapeixe dentro da minha ideia desvairada.
Há copos, garfos inebriados dentro de mim.
– Porque o amor das coisas no seu tempo futuro
é terrivelmente profundo, é suave,
devastador.

As cadeiras ardiam nos lugares.
Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimento
como seres pasmados.
Às vezes riam alto. Teciam-se
em seu escuro terrífico.
A menstruação sonhava podre dentro delas,
à boca da noite.
Cantava muito baixo.
Parecia fluir.
Rodear as mesas, as penumbras fulminadas.
Chovia nas noites terrestres.
Eu quero gritar paralém da loucura terrestre.
— Era húmido, destilado, inspirado.

Havia rigor. Oh, exemplo extremo.
Havia uma essência de oficina.
Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras,
com as suas maçãs centrípetas
e as uvas pendidas sobre a maturidade.
Havia a magnólia quente de um gato.
Gato que entrava pelas mãos, ou magnólia
que saía da mão para o rosto da mãe sombriamente pura.
Ah, mãe louca à volta, sentadamente completa.
As mãos tocavam por cima do ardor
a carne como um pedaço extasiado.

Era uma casabsoluta – como direi? –
um sentimento onde algumas pessoas morreriam.
Demência para sorrir elevadamente.
Ter amoras, folhas verdes, espinhos
com pequena treva por todos os cantos.
Nome no espírito como uma rosapeixe.

– Prefiro enlouquecer nos corredores arqueados
agora nas palavras.
Prefiro cantar nas varandas interiores.
Porque havia escadas e mulheres que paravam
minadas de inteligência.
O corpo sem rosáceas, a linguagem para amar e ruminar.
O leite cantante.

Eu agora mergulho e ascendo como um copo.
Trago para cima essa imagem de água interna.
– Caneta do poema dissolvida no sentido primacial do poema.
Ou o poema subindo pela caneta,
atravessando seu próprio impulso,
poema regressando.
Tudo se levanta como um cravo,
uma faca levantada.
Tudo morre o seu nome noutro nome.

Poema não saindo do poder da loucura.
Poema como base inconcreta de criação.
Ah, pensar com delicadeza,
imaginar com ferocidade.
Porque eu sou uma vida com furibunda melancolia,
com furibunda concepção.
Com alguma ironia furibunda.

Sou uma devastação inteligente.
Com malmequeres fabulosos.
Ouro por cima.
A madrugada ou a noite triste tocadas
em trompete.
Sou alguma coisa audível, sensível.
Um movimento.
Cadeira congeminando-se na bacia,
feita o sentar-se.
Ou flores bebendo a jarra.
O silêncio estrutural das flores.
E a mesa por baixo.
A sonhar.

Herberto Helder, Poemacto II

terça-feira, 10 de março de 2015

"Partilhas de Leituras"

Percy Jackson e os ladrões de Raios


Este livro fala-nos da história de Percy, um rapaz de 12 anos com problemas de défice de atenção e de hiperactividade. Depois de a sua professora de matemática transformar-se num monstro, ele descobre que é um semideus e que os deuses do olimpo acusam-no de ter roubado a arma mais poderosa de todas, o raio de Zeus.
Para provar a sua inocência Percy vai partir numa aventura com o seu melhor amigo, metade bode, metade humano Grover e outra semideusa filha da deusa Atena chamada Annabeth, e terá que decidir se quer salvar a sua mãe ou deixar que o mundo fique à beira de uma guerra que irá destruir o mundo…
Na minha opinião, este livro é um livro de aventuras e um romance, é principalmente dedicado aos jovens e aos pré-adultos.

O livro é baseado na mitologia grega e sempre que acabava um capítulo queria ler o que acontecia a seguir… Adorei-o!

João Eugénio, 8º A

segunda-feira, 9 de março de 2015

"Partilhas de Leituras"

Comentário sobre o livro 

O Rapaz do Pijama às Riscas




Este livro retrata a época da 2º Guerra Mundial, onde existia uma grande discriminação entre quem era judeu e quem não era. Naquela altura, quem era judeu, não tinha direitos nem liberdade, era condenado ao árduo trabalho e posteriormente quando já não fazia falta era então condenado à morte.
Este livro retrata tudo isto muito bem e consegue deixar os leitores a pensar sobre o assunto. Por este motivo, acho o livro muito interessante e recomendo-o vivamente.

                                                                                                      
                                                       Beatriz Cardoso, 8ºC, nº4 

sexta-feira, 6 de março de 2015

Dia internacional da Mulher




Quem Diz que Amor é um Crime

Quem diz que amor é um crime
 Calunia a natureza,
 Faz da causa organizante
 Criminosa a singeleza.

 Que vejo, céus! Que não seja
 De uma atracção resultado?
 Atracção e amor é o mesmo;
 Logo amor não é pecado.

 Se respiro, a atmosfera,
 Com um fluido combinado,
 É quem me sustenta a vida
 Dentro do peito agitado.

 Se vejo mares, se fontes,
 Rio, cristalino lago,
 Dois gases se unem, formando
 Aguas com que a sede apago.

 Uma lei de afinidade
 Se acha nos corpos terrenos;
 Ácidos, metais, alcalis,
 Tudo se une mais ou menos.

 De que sou feita? – De terra;
 Nela me hei de converter:
 Se amor arder em meu peito
 É da essencia do meu ser.

 Sem que te ofenda razão,
 Quero defender o amor;
 Se contigo não concorda
 Não é virtude, é furor.



Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética'

Dia internacional da Mulher




Auto-retrato

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.


                      Natália Correia, in “Poesia Completa

Dia internacional da Mulher


Com fúria e Raiva

Com fúria e raiva acuso o demagogo

 E o seu capitalismo das palavras


 Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
 Que de longe muito longe um povo a trouxe
 E nela pôs sua alma confiada

 De longe muito longe desde o início
 O homem soube de si pela palavra
 E nomeou a pedra a flor a água
 E tudo emergiu porque ele disse

 Com fúria e raiva acuso o demagogo
 Que se promove à sombra da palavra
 E da palavra faz poder e jogo
 E transforma as palavras em moeda
 Como se fez com o trigo e com a terra


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"