quarta-feira, 29 de abril de 2015

Poesia Ilustrada


Ilustração digital de Janice Costa do poema “Anjo és” de Almeida Garrett


Anjo és
Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.

Anjo és.Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c´roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d`amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A é chama vivaz e é bela,
Mas luz não têm.-Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?

Não respondes- e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?...-Lágrimas?-Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera...Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De onde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

Almeida Garrett 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Poesia Ilustrada


Ilustração digital de Catarina Correia do poema Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente

Auto da Barca do Inferno 
(excerto)

À barca, à barca segura,
 barca bem guarnecida,
 à barca, à barca da vida!

Senhores que trabalhais
pola vida transitória,
memória , por Deus, memória
deste temeroso cais!
À barca, à barca, mortais,
Barca bem guarnecida,
à barca, à barca da vida!

Vigiai-vos, pecadores,
que, depois da sepultura,
neste rio está a ventura
de prazeres ou dolores!
 À barca, à barca, senhores,
 barca mui nobrecida,
à barca, à barca da vida!


Gil Vicente

Poesia Ilustrada


Ilustração digital de Pedro Ribeiro (10ºI) do poema “Viagem” de Miguel Torga

Viagem

É o vento que me leva. 

O vento lusitano. 
É este sopro humano 
Universal 
Que enfuna a inquietação de Portugal. 
É esta fúria de loucura mansa 
Que tudo alcança 
Sem alcançar. 
Que vai de céu em céu, 
De mar em mar, 
Até nunca chegar. 
E esta tentação de me encontrar 
Mais rico de amargura 
Nas pausas da ventura 
De me procurar... 


Miguel Torga

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Exposição de cartazes do 25 de Abril


Visitem a Exposição comemorativa do 25 de Abril no Átrio da Biblioteca!



LER+ Ciência



Tentando diversificar as atividades de promoção da leitura inseridas no projecto Deleituras, e iniciando a rúbrica LER+ Ciência, os alunos do 8ºA desenvolveram, na disciplina de Educação para a Cidadania orientados pela professora Conceição Courela, trabalhos de pesquisa no âmbito da Educação para o desenvolvimento sustentável.

Este estudo visou, não só alertar os alunos para a necessidade de preservação ambiental dando a conhecer organizações que se dedicam a esse fim, mas também despertar neles a consciência de que todos nós somos responsáveis pela sua preservação.

Os alunos produziram cartazes alusivos a instituições internacionais e nacionais que desenvolvem trabalho nesta área, bem como folhetos de divulgação e sensibilização para a protecção de uma reserva botânica nacional: a 
Mata dos Medos. Estas temáticas serão posteriormente retomadas na disciplina de Inglês.




Leituras recomendadas:
Lima, M. (2014). A VIDA ENTRE MARÉS DO ESTUÁRIO DO TEJO À COSTA ATLÂNTICA. 1ª edição. Ed. Autor.
Lima, M. (2011). Aves do sapal de Corroios e doutras zonas ribeirinhas do concelho do Seixal. 1ª edição. Ed. Autor.
Lima, M. (2007). Flores Silvestres do Concelho do Seixal. Seixal. Câmara Municipal do Seixal.
Letria, J. J. (1987). Uma Viagem no Verde. Lisboa. Círculo de Leitores.
Cotrim, J. P. (2004). Montanhas de Verde na serra de Sintra. Área Metropolitana de Lisboa.

  

Poesia Ilustrada


Ilustração digital de Ailton Alcântara (10ºI) do poema “Verdes são os campos” de Luís de Camões


Verdes são os campos

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Luís de Camões


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Poesia Ilustrada


Ilustração digital de Rafael Oliveira (10ºI) do poema “Tarde” de Carlos de Oliveira

Tarde

A tarde trabalhava
sem rumor
no âmbito feliz das suas nuvens,
conjugava
cintilações e frémitos,
rimava
as ténues vibrações
do mundo,
quando vi
o poema organizado nas alturas
reflectir-se aqui,
em ritmos, desenhos, estruturas
duma sintaxe que produz
coisas aéreas como o vento e a luz.

Carlos de Oliveira

sexta-feira, 10 de abril de 2015

John Michael Green - Biografia

John Michael Green




John Michael Green é um escritor americano com 37 primaveras completadas em 2014. No entanto, os seus quase 40 anos nunca foram uma barreira para escrever os seus incríveis romances para adolescentes. Estreou-se no mundo da literatura em 2005 com À Procura de Alaska, uma história inspirada nos seus anos de adolescente no colégio interno. Desde a sua estreia publicou mais cinco livros: O Teorema Katherine, Quando a Neve Cai, Cidades de Papel, Will e Will – Um Nome, Um Destino, e o fenómeno mundial A Culpa é das Estrelas. Para além de escritor, Green tem uma presença ativa online, como vlogger, onde mantém uma relação tão próxima quanto possível com os seus fãs. Pessoalmente, o que mais gosto neste autor é a sua capacidade de se distanciar da sua idade e escrever histórias fantásticas com que nós, adolescentes, nos identifiquemos. Apesar de cada um dos seus livros ter uma história marcante e algo fora do normal, ao longo de cada obra Green consegue abordar problemas da adolescência que por muito simples que pareçam aos olhos da maioria dos adultos, para nós têm outro significado, que este autor tão bem entende e transcreve. Todos os seus livros têm um quê de mistério e aventura à mistura com um belo romance de adolescentes e um pouco de tragédia, o que os torna ainda mais apaixonantes e emocionantes. É, de facto, admirável como é que uma pessoa nos seus trinta e muitos anos consegue que os jovens criem ligações tão fortes com as suas histórias e as tornem virais e fenómenos da actualidade. Numa era em que a distância entre miúdos e graúdos é cada vez mais marcante, Green aproximou gerações com as suas obras por que todos se apaixonaram. Pessoalmente, o meu livro favorito é À Procura de Alaska pela tamanha emoção e mistério que transmite, fazendo com que o leitor mergulhe no enredo e queira, de facto, procurar Alaska. Dentro do seu género literário, John Green é um dos melhores escritores da actualidade, cumprindo na perfeição o contrato autor-leitor e mantendo a sua jovialidade nas suas obras, alcançando o coração de adolescentes que se identificam com as personagens das suas histórias e fazendo com que nos apaixonemos cada vez mais pela literatura.


Daniela Martins, do 11º H