O Papel das Mulheres... nos conflitos bélicos
e no Estado Novo
Donas-de-casa, esposas, mães, educadoras: eis
os principais papéis reservados ao longo dos séculos pelas sociedades europeias
às mulheres. Afastadas, por regra, das decisões políticas, e, por via disso,
dos assuntos bélicos, nem por isso deixaram de, na retaguarda, sofrer na carne
—ou na carne dos seus— os efeitos dos conflitos militares, e de, por outro
lado, contribuir para o "esforço de guerra". Este apoio foi crescente
de conflito para conflito, ao longo do século XX.


Quanto
à mulher, era responsabilizada pelo governo doméstico mesmo se trabalhasse fora do lar. A administração dos bens do
casal continuava a caber ao marido e a mulher continuava
obrigada a adotar a residência do marido e a estar impossibilitada de sair do
país,
exercer comércio, ou movimentar
depósitos bancários, sem o consentimento dele.
Assim, as mulheres eram vistas como suas subalternas, um traço
que o Estado Novo reforçava cada vez mais. Salazar não se cansava de dizer que
o lugar da mulher era em casa.
Maria
Lamas descreveu muito bem a situação do trabalho feminino:
«No
povo não há, praticamente, mulheres domésticas. Todas trabalham, mais ou menos
fora do lar. Quando não são
operárias, são trabalhadoras rurais, vendedeiras, criadas de servir ou
“mulheres-a-dias”. (….) Seria quase impossível mencionar todas as
suas ocupações que vão do roçar mato aos mais delicados bordados, sem contar com as grandes indústrias
em que ela ocupa lugar predominante».
E, por isso, impôs restrições e impedimentos vários ao trabalho
feminino…
… As professoras primárias para contraírem
matrimónio - a partir de 1936 - tinham de solicitar autorização ao Ministério
da Educação Nacional, comprovando o “bom
comportamento moral e civil” do pretendente e “os
vencimentos ou rendimentos, (…), em harmonia com
os vencimentos da professora."

A
década de 60 é aquela em que as mulheres acedem, maciçamente, ao trabalho
industrial e dos serviços, em
muitos casos para substituir a mão-de-obra masculina que se ausenta para o estrangeiro e para África.
A partir de 1967, o novo Código Civil eliminou a
necessidade de a mulher pedir o consentimento
do marido para exercer profissões liberais ou funções públicas, publicar obras
ou
ter actividades lucrativas.
Mª
Eugénia Pinho
Sem comentários:
Enviar um comentário